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Vilebaldo Rocha | Olá, seja bem vindo

  • DEOLINDA

    data da publicação 24/12/2018 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 594

    deolinda
    Foto: Poetisa Deolinda Marques

    São poucos os nomes femininos na história da poesia brasileira. Isto se deve, talvez, ao fato de que até bem pouco tempo atrás as mulheres tinham seus direitos cerceados. Não podiam pensar nem viver. Mas, as que o fizeram, foi com maestria inigualável, diga-se de passagem, Cora Coralina, Francisca Júlia e a maior de todas: Cecília Meireles.

    No concurso realizado pela U.P.E - União Picoernse de Escritores, modalidade poesia, categoria adulto, DEOLINDA MARIA DE SOUSA MARQUES, residente em Bocaina-PI e professora da Escola Normal de Picos,  arrebatou, simplesmente,  o segundo e o terceiro lugar. Seu verso é como a água correndo no leito do rio, calmo e tranquilo, mas visceral e implacável, carregado de ternura.

     O poema classificado em segundo lugar foi:


                                 AI LAVOISIER


    Ai cheiro de bambural, de flores de pereiro,

    de pau-d'arco, de cipó amarelo.

    Ai brinquinhos de cansanção, de crista de galo,

    esmalte de palmatória, óculos de fedegoso.                             

    Fedegoso da colheita de grãos, da fartura da infância.

    Ai vaquinhas de cera, de osso;

    cavalos-de-pau, de tala de carnaúba.

    Ai casinhas com paredes de terra

    enfeitadas com flores de salsa,

    de crista-de-galo, de cipó amarelo.

    Ai céu estrelado, busca do Cruzeiro do Sul,

    das três Marias, do Sete-estrelas, do Caminho de Santiago.


    Se para Lavoisier, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma,

    para as crianças, tudo se transforma pela imaginação

    num mundo de sonhos e fantasias.


    O cheiro, hoje, é do Boticário

    (a Avon saiu da moda).

    As matas estão devastadas.

    A estrela fabrica tudo.

    As flores são de plástico

    ( e custam um e noventa e nove).

    A luz elétrica engoliu o céu.


    Ai Estrela D'Alva da minha infância

    e da Manhã de Manuel Bandeira.


    A Indústria exterminou a infância!

    Um poeta se faz com versos e estes da poetisa Deolinda têm a marca do artista que não foge do seu compromisso. Esta é uma estrela de primeira grandeza, com sensibilidade aguçada e versos certeiros. Poeta consciente dos problemas da sua gente, acordando no povo o sentido da luta pela terra e pela vida. Mas principalmente em prol da boa poesia.

    O poema classificado em terceiro lugar foi:





                 A TERRA

     

    Há terra.


    Quem quer terra

    ara a terra

    cava a terra

    ama a terra.


    Com a mão

    semeia grão

    no coração

    da terra.


    Quem tem terra

    é quem enterra

    é quem emperra

    a seme-ação.




    na terra

    a vida

    en-

         cer-

               ra.



     Deolinda. Gravem este nome! Ele veio para ficar cravado na história da poesia de nossa terra. Fica aqui nossa torcida pela publicação, o mais rápido possível,  de seu primeiro livro. Sabemos o quão é difícil, mas não impossível.


     



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