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  • HÁ HOMENS QUE NASCEM PÓSTUMOS

    data da publicação 01/03/2019 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 1156

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    Foto: Poeta Alberto de Deus Nunes

    Existem pessoas que estão adiante do seu tempo. São incompreendidos, vilipendiados, e padecem num inferno astral. Cientes do que fazem e o que são, não se deixam atrofiar pelo pensamento retrógrado dos seus contemporâneos, que os querem sob uma mesma linha de pensamentos e atitudes. 

    O filósofo alemão Nietzsche, que foi uma dessas pessoas, tinha plena consciência que sua obra só seria compreendida na posteridade, e disse: há homens que nascem póstumos.

    No ano de 2000, a União Picoense de Escritores - U.P.E realizou concursos literários nas modalidades poesia, crônica e conto, nas categorias infantil, juvenil e adulto. Realizado o concurso e divulgados os nomes dos ganhadores, constatou-se que o vencedor na modalidade poesia e categoria adulto era uma dessas pessoas que nascem póstumas.

    ALBERTO DE DEUS NUNES, nascido em Picos no dia 25 de abril de l913 e falecido em 13 de abril de 1969, em São Paulo, fora o primeiro colocado no concurso com um soneto intitulado “PICOS”. O poeta renasce, mostra o quão a arte é atemporal, entretanto, isto é apenas o início. É preciso ruminar, redescobrir o homem, reler o poeta, acordar para a vida a obra desse autodidata, professor, jornalista e escritor. 

    Comprometido com o seu tempo, na década de 50, em parceria com o Sr. Absolon de Deus Nunes, fundou o jornal “A Ordem”. 

    A União Picoense de Escritores, infelizmente, por “motivo$  $uperiore$”, não publicou em livro os trabalhos dos ganhadores, quiçá  algum dia tenhamos a satisfação de entregar à sociedade picoense esses trabalhos. 

    Segue abaixo o poema “PICOS”. É, obviamente, a visão de uma época que difere muito da nossa realidade atual. O poeta é o artista que pinta, que brinca com as palavras e aprisiona o tempo em versos.

     

                                    PICOS

     

                                   Emoldurada caprichosamente

                                   Por um rosário enorme de colinas,

                                   Agita-se entre quérulas buzinas,

                                   A linda Picos, gárrula envolvente...

     

                                   Banhada pelas águas cristalinas

                                   Do plácido Guaribas, certamente

                                   Minha cidade é muito florescente,

                                   Por suas qualidades peregrinas!

     

                                   Que belo vê-la sempre atarefada!

                                   De música, de flores enfeitada,

                                   Suando na canícula do clima!

     

                                   Que singeleza em todos os seus prédios!

                                   Mas que colosso a igreja dos remédios,

                                   Em que seu povo todo se sublima!

     

    Os textos do poeta ALBERTO DE DEUS NUNES foram inscritos no concurso da U.P.E pelo seu filho Douglas Nunes, que é também jornalista, poeta, e, acima de tudo, um batalhador incansável pelo engrandecimento cultural de nossa terra. 

    Segue mais um poema desse poeta que certamente terá seu nome colocado em seu devido lugar: entre os mestres.

     

                  VEM, QUERIDA

     

                    Da quadra formosa da vida de outrora,

                    Da vida que chora ou que ri só por fado,

                    Eu guardo em espinho ferindo a lembrança

                    De quando em criança te via a meu lado...

     

                    Tu eras amiga, gentil, inocente,

                    E alegremente brincavas comigo.

                    Não tinhas o orgulho com que me torturas,

                    Com o qual me procuras ser teu inimigo...

     

                    Não sou sempre o mesmo, embora não queiras

                    Voltar às maneiras com que me tratavas,

                    Sou brando, não posso rever o passado,

                    Ele é o atestado do quanto me amavas...

     

                    Tu passas ereta ao pé da calçada,

                    Em forte pisada não falas comigo...

                    __ Que foi que te fiz para tal merecer?

                    Será por dizer que sou teu amigo?

     

                    É duro demais se viver esta vida,

                    Assim sem guarida em completo relento...

                    Não quero, não devo ser reles figura,

                    Sabendo da agrura pra sempre erguida...

     

                    Assim é muito triste para mim o passado,

                    Definho ao lado da flor do viver...

                    Terás alegria, eu te felicito,

                    Meu pobre prestígio não tardas a ver...

     

                    Da quadra inocente da vida de outrora,

                    Da vida que chora ou que ri só por fado,

                    É que em plangentes idílios de moço,

                    Me vem o esboço por ti torturado.


     



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