VilebaldoRocha
VilebaldoRocha

curtir pagina seguir pagina canal NoticiaPicos

Vilebaldo Rocha | Olá, seja bem vindo

  • POESIA DE NEON

    data da publicação 27/12/2018 | Por: Vilebaldo Nogueira Rocha | Visitas: 1576

    poesia-de-neon
    Foto: Brasília

    Agora que o sol nasce por entre os edifícios;

    Picos é uma lembrança: Paisagem eterna dos meus olhos.

    Meus olhos já não vislumbram mais a serra do pau-d’arco,

    Nem o Morro-Quebra-Pescoço nem as torres da Matriz.

    Por isso este meu olhar de passarinho acanhado.

     

    Menino andando a esmo no meio da multidão.

     

    Com olhos de espanto e medo

    encharco as retinas com a beleza da menina projetada.

    Vou passeando sobre a poesia de Oscar:

    Entre versos de concreto e ferro,

    Entre homens de cimento e dor.

     

    A vida passa correndo nas calçadas e no asfalto.

     

    O farol. Os automóveis. A arena diária.

    A luz vermelha domando os cavalos-motores.

    Os homens na faixa. Os homens nos carros. A vida...

    A vida não vale nada. Um descuido. Uma encruzilhada.

    Um passo a mais ou a menos... Mais uma retina fechada.

     

    Vida, noves fora nada.

     

    A larga solidão das avenidas.

    O largo passo em asas de avião.

    Os ônibus abarrotados de pernas e mãos.

    Os pneus cantando a cantiga rude:

    A vida é dura pra quem tem o pé no chão.

     

    “O meu Deus sabe da luta de um ponto de ônibus”.    (*)

     

    Os caminhos se cruzando onde o destino quer.

    Os automóveis voando querendo avançar o tempo.

    As pessoas se entrelaçando no vai-e-vem do crochê.

    Os relógios cronometrando a distância e o tempo.

    E um poema em desespero amarrado na garganta.

     

    Tenho um olá, um bom dia, é de bom grado. Quem quer???

     

    Os gritos dos pneus multiplicando o tédio e o medo.

    Mulheres a silicone vendendo gato por lebre.

    Em cada gesto um mistério, em cada olhar um segredo.

    No bar um momento de paz para afogar o cansaço.

    E a lua também nascendo por entre os edifícios.

     

    Algum poeta escrevendo poesia de neon.

     

    No apartamento a tv traz a notícia, traz o mundo.

    Mas não me mostra a cara do meu vizinho.

    Um passarinho assustado pousou na varanda do quarto andar.

    Sorriu, cantou e voou por entre as árvores de pedra.

    Sou passarinho e moro na gaiola do quarto andar.

     

    Cada dia é mais difícil conjugar o verbo amar.

     

     

     *  Segundo lugar no Concurso de Poesia Lucídio Freitas – Promovido pela Academia Piauiense de Letras.

     

    (*) Verso da poesia Deus Eclético do poeta Carlos Eugênio.

     



Comentar matéria

    
  • A PEQUENA DE OURO
  • Pau de Fumo
  • CD - ROTEIRO DO DOLHAR
  • INSTITUTO MONSENHOR HIPÓLITO
  • O Caçador de Passarinhos
  • Nogueira & Moura
  • Pau & Pedra
  • Academia de Letras da Região de Picos
  • Cacos de Vidro